terça-feira, julho 26, 2011

Número 61 - Abraão, amigo de Deus


Quantos amigos temos? É uma questão que, possivelmente, já prendeu a nossa atenção por diversas vezes. Contudo, talvez não seja um número fácil de definir.

Há quem diga que o melhor momento para os enumerar será no dia da adversidade. Ao atravessar o momento mais difícil da sua vida, Job terá sentido uma profunda decepção em relação aos seus amigos, chegando a desabafar: “Os meus amigos são os que zombam de mim; os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus.” (Job 16:20). De repente, todas as amizades pareciam ter-se desvanecido.

Quem são e quantos são os nossos amigos? Por vezes ouve-se dizer “Tenho quase 1000 amigos” ou até “Já atingi o máximo, os 5000 amigos, e o FaceBook não me permite acrescentar mais, por isso abri outra conta…” São as redes sociais que, promovendo uma forma de vínculo e comunicação diferente, vieram acrescentar um outro significado à palavra “amigo”.

O conceito de amigo está presente desde tempos remotos, revestindo um significado de proximidade e afecto.

Abraão contava, entre os seus amigos, um muito especial. A Bíblia diz que ele era amigo de Deus.

Amigo de Deus? Sim, e esta é uma expressão referida na Bíblia por três vezes: “Porventura, ó nosso Deus, não lançaste fora os moradores desta terra de diante do teu povo Israel, e não a deste para sempre à descendência de Abraão, teu amigo?” (II Crónicas 20:7) São palavras do rei Jeosafá, numa oração angustiada, num dia em que Deus viria a operar um grande livramento.

“Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão, meu amigo;” (Isaías 41:8) Deus falando ao povo de Israel, por intermédio do seu profeta Isaías.

“E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.” (Tiago 2:23)

Que requisitos terá ele preenchido para chegar a ser conhecido pela sua amizade para com Deus? Como é que alguém se pode tornar amigo de Deus?

Jesus explicou-o claramente: “Vos sereis meus amigos se fizermos o que eu vos mando.” João 15:14

A intimidade com Deus desenvolve-se pela obediência. Foi esse o “segredo” da amizade de Abraão com Deus. O texto bíblico revela-nos três momentos de uma obediência sincera e total:


A chamada

Deus disse-lhe: “ Sai da tua terra e da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.” Gênesis 12:1 E ele saiu, sem saber para onde ia, em estrita obediência à ordem de Deus.


O dízimo

Abraão foi o primeiro dizimista, segundo a Bíblia, tal como é referido em Génesis 14:20: “E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.”

A ordem de oferecer os dízimos ao Senhor foi, mais tarde, expressa claramente por intermédio do profeta Malaquias: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.” (Malaquias 3:10).


O filho

Foi dito pelo Senhor a Abraão que sacrificasse o seu amado filho Isaque. Estaria pronto a fazê-lo, obedecendo ao mandato do Senhor. (Génesis 22).

Deus interveio, falando-lhe, de modo que o filho não chegou a ser sacrificado. Contudo, o texto bíblico dá a entender que a expectativa de Abraão era de concretizar o acto, acreditando que depois Deus poderia ressuscitá-lo. ”Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar;” (Hebreus.11:18).

Esta sua convicção ganha ainda mais relevo ao lembrarmo-nos de que, até esta altura não existe na Bíblia qualquer relato de ressurreição de mortos pelo poder de Deus.


Esta bênção não se destinou exclusivamente a Abraão. Hoje Deus chama cada um de nós a ser Seu amigo. Que grande privilégio! “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” (Romanos 5:10). A morte de Jesus veio transformar inimigos em amigos Seus, àqueles que aceitam a Sua salvação e decidem segui-l’O.

O caminho para lá chegar é claro: a obediência à Sua Palavra. Obedecemos porque amamos. Amamos porque obedecemos.


Que a certeza de ser amigo de Deus seja o nosso maior anseio em cada dia! Ele é o amigo mais fiel, que nunca nos decepcionará. Que o Seu amor nos inunde, na medida em que, em humildade, obedecemos à Sua Palavra!


Pr. Miguel Francisco Coias


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