quarta-feira, junho 18, 2008

Número 24 - As lições dos jumentos

Ao folhearmos a Bíblia e lermos os seus conteúdos, devemos fazê-lo como alunos ansiosos por aprender. De facto, o que está escrito tem como objectivo ensinar-nos e não apenas proporcionar-nos uns momentos de leitura. S. Paulo refere convictamente: "Tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito..." (Romanos 16:4).
Hoje vamos debruçar-nos sobre o ensino que a Bíblia contém relativo aos jumentos, animais muito comuns naquele tempo.

O substituto
Êxodo 13:12,13 - Aqui lemos que o primogénito de qualquer jumenta, ao nascer, ficava sob a condenação à morte. Era um animal imundo. Só ficaria livre de tal condenação se um cordeiro morresse em seu lugar. O limpo morreria em lugar do impuro.
Todo o género humano nasce com o estigma do pecado. O salário do pecado é a morte. Contudo, louvado seja Deus, houve um CORDEIRO que se ofereceu a Si mesmo para morrer pelos pecadores! JESUS!
A esse respeito, importa ler em Marcos 10:45; Gálatas 2:20; I Pedro 1:18,19;3:18.
Se o jumentinho falasse poderia dizer: "Estou vivo porque um cordeiro morreu em meu lugar".
Foi certamente o que sentiu Isaque, ao descer do monte Moriá (Génesis 22:9-13).

A visão
Em Números 22:23-34 lemos acerca de uma jumenta que via mais do que um homem, cego pelo prémio da injustiça (ler em II Pedro 2:15,16; Judas v.11).
A Bíblia avisa-nos acerca de situações que nos podem cegar. Consideremos alguns exemplos disso:
- O suborno, pode cegar até ao ser humano mais sábio e perspicaz (Êxodo 23:8; 1 Samuel 8:3).
- O pecado ocasionou que Sansão perdesse os seus olhos (Juízes 16:4 e 19-21).
- O menosprezo e a desobediência pelos pais pode ocasionar falta de visão (Provérbios 30:17).
- O deus deste século pode cegar (II Coríntios 4:4).
Para conhecer virtudes ou qualidades que importa possuirmos, para que não sejamos cegos, leiamos em II Pedro 1:5-9.
Moisés, que morreu com 120 anos, nunca perdeu a VISAO nem o VIGOR!!! (Deuteronómio 34:7). Senhor, ajuda-nos a ser semelhantes a Moisés!

O conhecimento
O jumento conhece.... mas o Meu povo não conhece, não entende, diz o Senhor ( Isaías 1:2,3).
Sabemos que o profeta Oséias foi contemporâneo de Isaías. Vejamos o que ele escreveu acerca do povo não conhecer o Senhor: Oséias 4:1,6,14; 5:4; 6:3,6; 7:11.
"Até as aves conhecem... o que o Meu povo não conhece" diz o Senhor (Jeremias 9:24).
O pedido do rei David ao seu filho Salomão foi "conhece a Deus..." (I Crónicas 28:9).
Assim findam as cartas de S. Pedro: " Crescei na graça e no CONHECIMENTO de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (II Pedro 3:18). É certo que por agora, conheceremos em parte (I Coríntios 13:12). Virá o tempo que toda a terra se encherá do conhecimento do Senhor (Isaías 11:9)!

A queixada
Era dum jumento, animal imundo, e estava ainda fresca. Não estava ressequida pelo sol nem lavada pelas chuvas. Era algo que ninguém tomaria na sua mão. E muito menos um judeu. E ainda por cima um nazireu como era Sansão. Foi essa mesma queixada, desprezivel (I Coríntios 1:27-29) que foi usada para um grande livramento (Juízes 15:15).
Os filisteus talvez disseram a Sansão, quando viram que a arma que trazia na sua mão era uma queixada dum jumento, o mesmo que Golias disse a David, quando o viu avançar para ele com um pau na sua mão (I Samuel 17:43).
Embora possamos ser "coisas" loucas, fracas, vis e desprezíveis", quando tomados nas mãos do Valente, do Forte de Israel, como foi José, "em Deus faremos proezas" (Génesis 49:23,24; Isaías 1:24; Salmo 60:12).
Lembro ainda que devemos ficar nas mãos do Oleiro e Ele nos tornará vasos para honra (II Timóteo 2:20).
Lemos em Juízes no cap.11 acerca de Jeftá. Era filho duma prostituta e desprezado pelos seus irmãos, mas ao ser tomado pelo Espírito do Senhor, foi o homem usado para uma grande vitória para o povo de Israel (Juízes 11:1,2,7, 29).

O plano de Deus
Perderam-se as jumentas do pai de Saúl (I Samuel 19:3-27).
Saúl foi à procura delas, por ordem de seu pai. Fê-lo durante três dias, sem sucesso ( vs. 3 e 20). Não seriam tantas jumentas como tinha Jó, que eram 1000 (Jó 42:12), nem talvez tantas como Jair possuía, 30 (Juízes 10:3,4), mas seria um prejuízo, tal perda.
Afinal, sabemos (o que Saul não sabia) que o Senhor estava no controle de todo aquele problema para levar Saul à presença do profeta Samuel, onde iria ser ungido rei de Israel. Certa vez o Senhor Jesus disse a Pedro: "O que Eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois" (João 13:7). Lembro um inspirado hino que uma nossa amada irmã cantava: "
"O que Eu faço, não o sabes tu agora
O que Eu faço podes tu não compreender
Mas confia, que o que Eu faço, para ti é o melhor
E descansa, pois na glória, tu irás tudo entender."
S. Paulo escreveu: " E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto. (Romanos 8:28).
O povo diz, com certa razão, que Deus por vezes escreve direito por linhas tortas (tortas aos nossos olhos).
Tive o prazer de viajar algumas vezes na companhia do nosso amado e saudoso pastor José Pessoa. Quando íamos por uma estrada cheia de curvas, tendo a nossa frente uma camioneta que se deslocava muito lentamente. Dizia o nosso Irmão enquanto seguíamos vagarosamente a pesada camioneta: "Sabe se lá do que Deus nos está a guardar"?
À luz da Bíblia, sabemos que José, ainda na sua juventude, "perdeu" muito mais do que algumas jumentas. Perdeu a comunhão com a família. Foi vendido como um escravo. Perdeu a liberdade, pois esteve na prisão mais de dois anos.( Génesis 37:27; 39:1; 41:1). Leia ainda em Deuteronómio 8:14 -16.
Há muitos anos li uma coisa que jamais esqueci. Um náufrago conseguiu chegar a uma ilha deserta. Ali sobreviveu alguns dias esperando o dia de sair dali. Fez uma cabana onde guardou os poucos pertences que tinha. Numa das vezes que dava a volta a pequena Ilha, a sua cabana foi consumida pelo fogo, o que lhe causou tristeza, naturalmente. Entretanto passava um navio perto da ilha. O capitão desse navio achou estranho ver fumo naquele lugar, pois bem sabia que tal ilha era deserta. Aproximou-se da ilha, e assim chegava finalmente o livramento para o náufrago.
Por vezes, importa perder para que possamos ganhar (Filipenses 3:7,8).

A glória para Jesus
Eis o jumentinho, no qual Jesus entrou em Jerusalém (Lucas 19:30-35).
Marcos conta-nos que antes de ser levado a Jesus estava preso, fora da porta e entre dois caminhos ( Marcos 11:8). Depois de ser solto, foi pelo caminho (Marcos 11:8) e entrou na cidade, tornando-se útil ao Senhor Jesus.
O jumentinho ao ficar ao serviço do Senhor, quase não se via sob os vestidos (Lucas 19:35). Toda a atenção e toda a glória era unicamente para o Senhor Jesus.
"Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu Nome da glória..." (Salmo 115:1).
Certa vez uns gregos disseram aos apóstolos: "Queríamos ver a Jesus" (João 12:21).
Esse é o nosso principal ministério, mostrar Jesus através da nossas palavras e obras (Actos 7:21; Lucas 24;19).
Os fariseus não eram "obreiros" mas apenas pregadores (Mateus 23:3). Como sabemos obreiro, vem de obra, não de palavra (II Tessalonissenses 2:15). Pedro e João não desejavam que as multidões olhassem tanto para eles, mas sim para Jesus (Actos 3:11-13)
A Bíblia exorta-nos a que olhemos para o Senhor (Isaías 45:12; Hebreus 12:1, 2).
Jesus falou de alguns que desejavam ser vistos pelos homens (Mateus 6:5).
Quando perguntaram a João Baptista: "Quem és tu"? Respondeu: "Eu sou a voz...”
Uma voz não se vê, ouve-se.
Conta-se que um casal de missionários foi para uma longínqua ilha, para ali iniciarem trabalho missionário. Naturalmente, começaram por anunciar a Jesus, exaltando o Seu amor, a Sua grande compaixão pelos pecadores. Os ouvintes, muito atentos, em dado momento disseram ao missionário:
"Esse de que está a falar já esteve nesta ilha, de visita". Estavam a referir-se a um outro missionário que tinha estado na ilha apenas de passagem. Tal foi o testemunho desse homem de Deus, que por ali tinha passado! Somos imitadores de Cristo (I Coríntios 11:1;Efésios 5:1).

Para sorrir
Um missionário, despedia-se da Igreja porque ia sair para o campo missionário. Na sua maneira de ser,bem humorada, dizia:
"Quando leio na Bíblia, acerca da grande vitória que foi alcançada ao ser usada a queixada dum jumento, penso o que poderá suceder com um jumento inteiro"? apontando para si próprio.

Numa Igreja onde fui pastor havia uma querida irmã, viúva, bastante idosa, que por vezes visitava. Um dia disse que me queria oferecer alguma coisa como lembrança. Cumpriu a promessa. Deu-me um burrinho de loiça. Naturalmente, agradeci.
Passado um certo tempo, fui convidado a falar num retiro de crianças da escola dominical. No final foram-me oferecidos dois burrinhos de madeira, para firmar os livros na estante. Pareceu-me burrinhos a mais!.....Mas pensando bem, alegrei-me. Sempre se procura oferecer aquilo que a pessoa não tenha. Não tenho nada de burrinho!!!

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