domingo, novembro 02, 2008

Número 31 - Fugir ou não fugir?

A palavra fugir significa desviar-se rapidamente para escapar. É uma acção que todos nós, num momento ou outro, assumimos como a decisão mais adequada, procurando ficar longe de alguma ameaça ou perigo eminente.


Fugir de quê?

No combate espiritual que travamos na nossa carreira cristã, muitas vezes o vencedor é o que foge. Como cristãos, do que é que devemos fugir?

1 – Da idolatria (I Coríntios 10:14)

2 – Da prostituição (I Coríntios 6:8)

3 – Do amor ao dinheiro (I Timóteo)

4 – Dos desejos da mocidade (II Timóteo 2:22)


Exemplos bíblicos

São tantos os exemplos de que a Bíblia nos fala acerca de fugir e não fugir.

Consideremos alguns exemplos:

- Eva não fugiu (Génesis 3:1-6) por isso caiu em transgressão.

- Sansão não fugiu (Juízes 16:4-21). Que trágicas consequências para aquele valoroso homem de Deus.

- David não fugiu (II Samuel 11:1-4). Importa ler o Salmo 51 onde se poder perceber o sofrimento de David por causa do seu pecado. Também foi dito a David que a espada jamais se apartaria da sua casa (II Samuel 12:9,10).

Ouvimos dizer que o crime não compensa. Certo! Mas nós, os cristãos, vamos mais longe, dizendo"o pecado não compensa".


O engodo

A Bíblia fala-nos de engodo (Tiago 1:14,15; II Pedro 2:14,18). Segundo o dicionário, esse vocábulo significa atractivo, astúcia sedutora e enganosa, nutrir a esperança de alguém, por meio de promessas infundadas".

Para Eva, o engodo usado foi o que lhe foi dito pelo inimigo "Sereis como Deus....". (Génesis 3:3-5).

Para Sansão, o engodo foi Dalila, pela qual se afeiçoou (Juízes 16:4).Esta mulher importunava Sansão dia após dia (Juízes 16:16). Dalila, segundo um dicionário bíblico, significa débil. Podemos então dizer que "uma débil venceu um gigante".

Lembro o que está escrito em Eclesiastes 10:1. A "mosca morta" é algo que nos parece de pouca importância, mas que pode inutilizar todo o perfume. Somos o bom cheiro de Cristo (II Coríntios.2:14,15)!

Para o rei DAVID, foi aquela mulher mui formosa à vista, que se estava a lavar (II Samuel 11:1,2. Note que aquele era o tempo em que os reis saíam à guerra. O guerreiro David tinha ficado em casa. Levantou-se a tarde e foi passear para o terreiro. Não foi à guerra, levantou-se tarde e andava a passear! Isto em tempo de guerra!


A atracção gradual

Ainda acerca do engodo, lembro uma ilustração que ouvi ao nosso amado e saudoso missionário Tage Stahlberg.

Um homem procurava meter um porco no curral, mas o animal fugia para a direita e para a esquerda e não queria entrar. O homem, depois de várias tentativas, já cansado, lembrou-se de ir a casa buscar uma tigela com milho e foi dando ao porco enquanto ia andando para o curral. Daí a pouco o animal estava encerrado no lugar onde ele tanto teimara em não entrar. Cuidado com o milho!

O engodo serve para apanhar peixes, pássaros, ratos e até moscas. Com vinagre não se apanham moscas, diz-se, mas com algo doce.


O pinheiro e a aranha

Costumo dizer que, com apenas dois dedos consigo arrancar um pinheiro, mas se o deixo crescer, nem com as duas mãos o arrancarei.

Conta-se que uma irmã estava orando, e na sua oração teria dito: "Senhor, tira as teias de aranha dos olhos das pessoas para que vejam a verdade do evangelho".

Uma outra irmã que estava perto, acrescentou: "Senhor mata a aranha!" Eu digo: Amém!

Sim, porque a aranha no outro dia faria outra teia. É melhor arrancar o "pinheiro" e matar a "aranha", antes que seja tarde demais.

Guiados pelo Espírito

David, que não fugira perante o leão e o urso, vamos encontrá-lo mais tarde, por duas vezes, fugindo dos problemas que Saul lhe causava (I Samuel.21:10-15; 27:1,2).

Da segunda vez, esteve um ano e quatro meses entre os filisteus (27:7). Deixou-se guiar pelo seu coração (27:1). Cuidado com o coração (Jeremias 17:9). Quem nos deve guiar é a Palavra e o Espírito (Salmo119:105; João 16:13).

O que sucedeu a David, ao ter fugido das aflições? Fez-se doido para escapar com vida; prontificou-se a lutar contra o seu próprio povo; perdeu tudo o que tinha, incluindo a sua própria família, e pela misericórdia de Deus não foi apedrejad pelos homens que estavam com ele. Que situação!

No serviço do Senhor, teremos muitas aflições. Leia em II Timóteo.1:8; 2:3; 4:5. Mas....temos uma preciosa promessa: "O Senhor nos livra de todas" (Salmo 34:19).


Fugir de Deus?

Lembremos um outro fugitivo: Jonas. Tentou fugir diante da face do Senhor (Jonas 1:3) como se isso fosse possível (Salmo 139:7-12) Recomendo a leitura do livro de Jonas aos obreiros mais novos, como meditação. É um livro com apenas duas folhas! Alguém disse que se passamos por aflições pela nossa obediência ao Senhor, muitas mais passaremos na nossa desobediência. Perguntem a Jonas!


Aparência do mal

S. Paulo, não só nos recomenda que devemos fugir do mal, mas até de toda a aparência do mal ( I Tess. 5:22).

Vejamos o que está escrito em II Livro de Reis 4:14-17. A mulher não tinha filhos. O seu marido era já idoso. Porém, note que a mulher não entrou no quarto, ficou à porta. O famoso evangelista Bill Graham, nunca recebia uma senhora no seu escritório, a não ser acompanhada.


Experiências missionárias

Para findar este tema "FUGIR E NAO FUGIR" quero vos contar duas experiências que tive no campo missionário.

Havia acabado de chegar à ilha do Pico, Açores, quando recebi uma carta anónima, na qual era avisado de que saísse rapidamente dali, porque se o não fizesse iriam ser usadas bombas de dinamite para me forçarem a sair. Não me assustei, graças a Deus! Mas, como o chefe da polícia era uma pessoa nossa amiga, mostrei-lhe a carta. Disse- me então que não tivesse receio, porque não me fariam mal algum naquela ilha. Estive ali 4 anos e nada de mal me sucedeu! Graças a Deus!

Em Timor, havia uma congregação a mais de 100 Km da cidade de Díli, bem no interior da ilha. Certo dia, quando ali cheguei, estavam uns 20 homens à minha espera à entrada da aldeia, todos com catanas em suas mãos e dizendo que voltasse para Díli, porque não entraria na aldeia. Falei com eles mansamente mas de nada resultou. Realmente estavam muito ameaçadores. Falando com o pequeno grupo de crentes que ali me esperavam, eles me disseram que não tentasse avançar, porque aqueles homens iriam causar dano a mim e ao "jeep". Voltei a falar com aqueles homens, fiz oração (Lucas 23:34) na sua presença e voltei para Díli.

Passados quase 20 anos voltei a Timor, de visita. Não tive tempo para ir àquela aldeia, mas de lá veio um grupo de irmãos a pedir que lá fosse, porque muitos daqueles homens que não me deixaram entrar na aldeia naquele dia, eram agora crentes e queriam me pedir perdão pessoalmente por tudo aquilo que me haviam feito.

Fugir ou não? Que seja o Senhor a guiar-nos em cada situação com que nos deparemos (Mateus 10:23; Lucas 9:52-56; Actos 14:5-7).

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